quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

José

"Há uma passividade injusta atribuída a José. O marido semi-enganado pelo Espírito Santo que se conforma, o esposo paciente que na teologia católica tolera a ausência da consumação física do seu casamento, o pai do Messias por empréstimo. Ao ler a Bíblia encontramos outra pessoa. Um noivo que tomava a iniciativa de afastar-se de Maria para proteger-lhe a reputação, um chefe de família executando um plano de fuga para o Egipto, um pai impaciente pelo desaparecimento do filho pré-adolescente para discutir religião no Templo. Suspeitamos que essa opacidade cultural de José tem mais a ver com o deslumbramento inculto com as velhas insinuações matriarcais (que no imediato limpam lágrimas pagãs) que com os espaços preenchidos ou nem tanto da Palavra. Ler é um compromisso com um consolo que pode demorar.
Redescobrir José é festejar a fidelidade de Deus. Afinal, sem o marido de Maria, Jesus não seria linhagem de David. Há muito pai para o Messias."
Voz do deserto

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