segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"Uma freira chega após a morte à presença de Deus para o julgamento, e Deus disse: "Conheço o teu amor para comigo; quero ouvir o que pensas da vida que te dei e do mundo donde vens." A santa mulher suspirou: "Senhor, como evocar agora o que, na tua presença, me parece, mais do que nunca, lugar de horrível desterro?" Sobre os humanos disse: "Sempre pensei, Senhor, que são criaturas vis, manchadas com o lodo do pecado, obstinando-se nas suas próprias misérias, ignorantes da sua infinita pequenez e da sua enorme maldade."
"E o mundo?", perguntou o Senhor. "Vale de lágrimas, pátria de aflitos, arena de lutas, cela de mortificação", respondeu. E o Senhor observou: "Sem dúvida, sem dúvida... Mas também há algumas coisas belas: um pôr do Sol, as flores, certas paisagens..." A freira: "Escolhi para passar os meus dias um lugar tão árido que nem a erva conseguia crescer." ~

Deus proferiu a sentença: "Pobre mulher! Como te atreves a julgar assim a minha obra? Pensaste encontrar na terra apenas negrura e maldade e dores e lágrimas. Sempre lágrimas. Volta outra vez ao mundo. Conhece-o. Ama um homem, cuida de uma flor, saboreia um fruto, enche o teu coração até transbordar de afecto por toda a criatura, descobre e compreende a beleza que há na vida, a alegria que existe em viver, e depois volta."

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