Há quem viva aterrorizado com os pecados e os infernos e por isso mesmo se negue viver. O homossexual que não ama porque acha que é pecado, o casal apaixonado que se esvazia por causa de contas-de-calendário-e-temperatura rectal, a jovem puritana castrada que se veste de velha, a catequista que colecciona rosários e adorações ao santíssimo mas não tem orgasmos, o homem que usa cilícios porque pensa que o seu deus se sacia com sacrifícios, ou o pobre diabo que vê apostasias na mensagem evangélica mais pura.
Mas o julgamento final é sobre outras coisas (Mt 25, 31-40):
Porque tive fome e destes-Me de comer, tive sede, e destes-Me de beber; era peregrino e recolhestes-Me; estava nu, e destes-Me de vestir; estive doente e visitastes-Me; estive na prisão e fostes ter Comigo’.
O que há de maravilhoso neste “Julgamento final “é que é apresentado de uma forma surpreendente.
Em primero lugar não é aplicado pela negativa – não interessa o que não fizeste mas o que realmente fizeste com a vida que te foi dada. As proibições ou normativos morais - os jejuns as abstinências as autoflagelações ou sacrifícios, tão essenciais para alguns, de nada te valem quando estiveres face a face.
De igual modo, as proibições dos dez mandamentos parecem volatizar-se – o não matarás ou o não roubarás perdem a importância essencial. Do que se pede contas não é o mal que não fizeste, é outra coisa – o que fizeste de Bem aos outros, o que fizeste de Bem a MIM. Um bem concreto, um bem eficaz, um bem que nem sempre se tem consciência absoluta.È essa a medida única do juízo final.
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